domingo, 4 de abril de 2010

Casos da Vida Real - Anatomia de uma Conspiração - Temporada 1 - Episódio 1 : ) - A Ford Transit da discórdia...


02H da manhã, o silêncio paira nas ruas do Porto… Nada a acrescentar, o costume! Subo a Rua XPTO, vejo as prostitutas que me olham com desconfiança, sentem o frio do receio no estômago, pensando: «…vão-me abordar…» mas não, sigo em frente.

De volta e às voltas nas ruas sem saída, vou circulando calmamente.
Alto, o rádio dá sinais de vida e chamam por mim… Nada de especial, apenas um carro abandonado no meio da estrada, uma estrada só de um sentido. Continua calmo. É assim que se quer.

02H05 - Chegada ao local. Ali se encontrava a dita carrinha, atravessada no centro da estrada, já ninguém passa... Primeiro impacto ou furtada ou certamente esta abandonada e os espertinhos dos moradores já estão a fazer o jogo para ser rebocada…

Olho á minha direita e ali estão alguns tipos encostados, rapidamente deixam cair os cigarros, meio fumados, esmagando-os no solo e sorrateiramente vão-se afastando do local para uns metros mais à frente.

Já no seu interior e sem sucesso, tento colocar a trabalhar, insisto, não consigo destrancar a direcção, incautos, aqueles tristes vão espreitando à distancia por entre os carros para ver o desenvolver de uma situação que eles próprios provocaram. Não haviam dúvidas, tinham sido os moradores, partiram o vidro e a atravessaram na rua.

Nada feito, nem a trabalhar nem destrancar a direcção, passa à frente, chama o reboque e que belo momento assim que chega o reboque……..

Não tinha capacidade para o transporte, tínhamos que arranjar uma solução e essa solução passou por arrastar o chaço com o gancho para a berma.

Instala-se o pânico, rapidamente uma revolução pós 25 de Abril e tenho ali o povo todo contra mim. Mais de 10 na rua e uns quantos nas janelas que em vez de atirarem cravos atiram insultos e palavras fúteis de barulho e provocação – Está a PUTA ARMADA, ninguém quer aqui o carro e eu não tenho como o tirar…

Daqui ele não sai, nem que a vaca tussa, os ânimos aquecem ainda mais e rapidamente acciono o apoio que nem um minuto demora a chegar. Sangue, a esta hora quero sangue, já estou no RED-LINE da minha paciência e se me ligam o curtíssimo rastilho vai haver Chocapic.

Nomes pró papel e finalmente com o nosso numero a aumentar, começam os impulsos daquela gente extravasada do juízo a acalmar. Estava controlado. O carro fica, porque fica e mais nada. Aqueles que apenas para chamar a atenção, por pouco se regaram com uma bidão de gasolina e ateavam o fogo a si próprios, acabaram por aceitar que não sou eu que faço a L. Eu apenas a cumpro e faço cumprir.

Mais um dia de paciência testada ao limite. Estou a ficar velho e cansado para irremediavelmente ter que aceitar os problemas dos outros.

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